Era magia que tinha. Eu tinha a sensação de que sairiam estrelinhas, pó mágico, e até asas daquele amor(era ou não era o que devia ser). Aí eu acordava, acordava e dormia sorrindo. Sorrindo igual idiota lembrando da minha imagem com você no espelho. Era mágico fazer qualquer coisa com você. Os planos, os sonhos, e até o ciúme que eu tava aprendendo a ter(e a esconder). Eu me lembro de fechar o olho e ver você, brilhando, era só assim que eu conseguia te ver... rodeada de luzinhas, pisca pisca, e com uma lua atrás de você. E aí eu pensava: " na verdade a gente não tem nada. Mas a gente sabe que a gente tem". tinha tudo.
tinha magia.
tinha um mundo só nosso, onde só a gente vivia. Onde ali, tudo se esquecia. Os problemas, os medos, os anseios e o futuro. -Era do futuro que a gente tinha medo.
E eu te falava pra não ter, quando eu tava tremendo na base de medo. Mas eu queria te manter guardada e protegida numa caixinha. Coisas invisíveis que só eu via.
E eu que sempre amei dormir sozinha, ir embora depois do sexo... dormia completamente entrelaçada com você.
Tudo se consertava quando a gente dormia.
O colo que só tinha ali. O jeito que eu sentia você. A respiração compartilhada, o suor e o frio que você sentia na madrugada. Eu tinha vontade de me colar em você e não sair mais. Era perturbador toda aquela turbulência de vontade da sua presença. Era tudo nosso. Naquele momento, o mundo era nosso. Era o nosso mundo. O que a gente queria viver. Isso era tudo o que parecia. Era tudo o que eu acreditava que seria. Tudo o que eu acreditava que era, o que eu acreditava que fosse.
Os meus olhos viravam câmera. Viravam direção de fotografia, sabe aqueles que em tudo vê poesia? Tinha vontade de te gravar, de gravar sua cor, seu som, seu gosto, e se pudesse... o seu perfume. Eu queria gritar. Queria gritar sorrisos. Queria te gritar. E você ia se carimbando cada dia que passava. Cada dia que passava era uma nova carimbada. E até dos seus defeitos eu gostava.
A cor do céu foi mudando. A sua cor também. E até o jeito como você deitava na cama. O jeito como falava. O jeito como me escutava. Tudo foi se misturando no seu mundo porque você deixava, deixou outros mundos contaminarem o mundo que era o nosso mundo. O meu permanecia intacto. Eu, aqui, agora, ando me revirando pra fugir de você. Fugir dessa magia que hora ou outra parece mentira. A magia que eu sinto e não posso contar quando a minha mãe pergunta o que me acontece, porque que eu tô esquisita, porque que eu tô sem brilho. Agora eu entendo que eu tava brilhando você.
Eu não precisava te pedir nada, muito menos te impedir de fazer o que quisesse fazer. Eu tava ali inteira e existia a confiança mentalmente esquisita de que você fazia o mesmo. O amor é isso, respeitar o mundo do outro mesmo que ele seja o seu. Foi isso que eu fiz com você. Deixei espaços para que você preenchesse como quisesse, e você preencheu.
São corações partidos. Magoa. Lágrimas. Distância. E o acabou. Agora acabou. Acaba o amor. Acabou toda cor e todo teletransporte pra galáxia que mora em você.
Como diz você, o ódio.
Os meus olhos explodem. Explodem nitidamente todos os teus sentidos. Explodem essa dor que me esmaga. Explodem o que você chama de ódio mas que é uma desintoxicação pesada, duradoura, de tudo. Desse mundo aí em cima, desse mundo rasgado, esbagaçado, desnorteado, perdido que foi o que ele se tornou.
Que chuva do caralho... eu contei. Faz exatamente 7 horas que eu tento dormir sem conseguir. Dessa vez porque eu vi você, deve ser. Mais uma das noites que eu perco e você sabe bem porquê.
- que cê faz desse jeito, vidrada, sem conseguir dormir?
Coloquei agora um bando de palavras jogadas, sentidas uma por uma, algumas são lindas e não sei bem o porquê que o silêncio resolveu se romper, resolvi escrever um texto imenso pra você. Também não sei porquê.